quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O LUXO, O LIXO E O LIXÃO – REFLEXÃO NECESSÁRIA SOBRE A “ECOLOGIA HUMANA”

Estupefato foi como me senti ao ver as fotos de uma matéria sobre os lixões de Pitimbu (PB), recentemente divulgada na mídia eletrônica.



Confesso que mesmo tendo consciência dos malefícios que os lixões causam, não sabia que a situação em Pitimbu (PB), se encontrava tão caótica, em face da omissão do gestor municipal. Crianças e adultos disputando com animais (bodes, bois, cachorros e roedores), o mesmo espaço em busca de restos de alimentos e de objetos descartados pelo mais abastados que, podem render alguns míseros centavos de reais nas empresas recicladoras.


Fiquei imaginando como podemos ver e conviver com uma situação exageradamente degradante como essa e, ao mesmo tempo, ficarmos omissos e, o pior, não expressarmos qualquer sentimento de angústia e de vergonha. Isso mesmo: - vergonha! Vergonha não apenas por constatar a omissão do Poder Executivo Municipal, mas também, por poder perceber que enquanto temos tanto, outros irmãos nossos estão disputando e, por isso, dividindo lixo infecto com animais.

Não tenho a pretensão, não quero, não autorizo e nem permito que essa reflexão seja utilizada politicamente contra o atual administração pública de Pitimbu (PB), pois, como afirmo no título, o objetivo é conclamar todos a uma reflexão de como podemos viver no “luxo” e ficarmos inertes à miséria de nossos semelhantes que “vivem” no lixo e “sobrevivem” nos “lixões” competindo com animais domésticos.

Recentemente o Papa Francisco ressaltou a necessidade de "se comprometer, com todas as forças, com os mais pobres" afirmando:

“Também os mais frágeis e mais vulneráveis, os doentes, os anciãos, os nascituros e os pobres, são obras-primas da criação de Deus, feitos à sua imagem, destinados a viver para sempre, e merecedores da máxima reverência e respeito.”

“A pessoa humana está em perigo: eis a urgência da ecologia humana! E o perigo é grave, porque a causa do problema não é superficial, mas profunda: não é somente uma questão de economia, mas de ética e de antropologia”.

É bem verdade que esses degradantes lixões de Pitimbu (PB), agridem o meio ambiente por intermédio de ameaças ao ar, à terra (solo) e à agua, porém, como muito bem alertou o Papa Francisco: - “A pessoa humana está em perigo, eis a urgência da ecologia humana.

Mesmo diante da existência de severas leis ambientes, é prática comum a agressão ao meio ambiente, imaginemos as agressões omissivas que são cometidas pelos homens aos seus semelhantes mais pobres diante da inexistência de uma imposição legal de ser minimamente solidário com os menos favorecidos. Fechamos os nossos olhos diante da miséria dos nossos semelhantes, como se eles fossem invisíveis e, como se o problema não fosse nosso.

Diante do alerta do líder da Igreja Católica - o Papa Francisco – precisamos ter a preocupação de cuidarmos da “Ecologia Humana”, tendo o mínimo de sensibilidade e de solidariedade para o nossos semelhantes que passam pela privação da fome, da sede, da moradia e principalmente pela mais degradante de todas que é a privação do direito à dignidade humana.

Nos sobram recursos financeiros para as festas e farras, mas, quando se fala em ‘colocar a mão no bolso’ para ajudar os nossos irmãos necessitados, ‘olhamos de lado’ e ‘saímos de fininho’ como se não tivéssemos qualquer responsabilidade e compromisso para com o mesmos.


Não gostaria de criticar pessoas e nem de criticar a atual administração pública, mas, as imagens dizem tudo o que temos omitido nesses últimos tempos. Como se estivéssemos ‘varrendo o lixo para debaixo do tapete da sala’,  convivemos luxuosamente com a miséria dos nossos semelhantes sem qualquer remorso e, essa atitude de omitir qualquer gesto na busca de uma atitude solidária para com os mais pobres, nos transforma em lixos humanos, integrantes de uma sociedade fétida e, partícipes de uma administração pública municipal que é um verdadeiro lixão social.


Os políticos, o prefeito, o padre, os pastores, a sociedade, todos nós, precisamos e devemos fazer o mínimo na busca de reverter essa situação humilhante dos nossos semelhantes. Temos e devemos agir agora, antes que amanhã cedo seja tarde e, venhamos todos a nos encontrar na mesma latrina, à espera da inevitável ‘descarga’ que nos conduzirá à mesma ‘fossa social’ (já que sequer temos esgoto no nosso município).

Said Abel da Cunha

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