segunda-feira, 25 de julho de 2011

POLITICA, RELIGIÃO E COERÊNCIA.





As pessoas, por serem imperfeitas, costumam ser incoerentes. Algumas, habitualmente, outras eventualmente. Mas é no discurso político e religioso que a incoerência mais se manifesta. Nada mais revelador do que as gravações de um sermão depois do outro e de uma campanha política depois da outra.
Inerência supõe unidade intrínseca. Aderência supõe unidade buscada e assumida. Coerência, significa unidade de pensamento e de vida. Espera-se o mínimo de abandono e de retrocessos. Quando o discurso de agora não bate com o de ontem e muito menos com a vida, pregador e político correm o risco de cair em descrédito. E não são poucos os que caem. Um dia, o discurso se distancia demais da vida e da práxis. Naquele dia, fica difícil para o pregador ou para o político reconstruir sua carreira.
Há mudanças, algumas delas, sinceras. Foro íntimo não se questiona, mas o resto, sim! A verdade é que quem ontem se declarou agnóstico, hoje termina seu discurso com atos de fé e ação de graças a Deus; quem ontem era inimigo figadal durante a disputa pelo governo, hoje é aliado. Quem se dizia coerente, foi lembrado de pelo menos três grandes infidelidades. Quem garantia rigidez fiscal terminou a campanha prometendo aumentos e gastos que não explicou de que caixa os tiraria.
Quem jurou, no começo da campanha, não atacar os adversários, terminou em soleníssimo ataque: queria os votos do outro. Quem era demônio virou anjo e quem posava de anjo perdeu as asinhas. Quem disse que não julgaria, julgou e quem prometeu não manipular dados, manipulou. Mentiu e sabia que mentia.
Também nos púlpitos a doença que era coisa do demônio, quando atingiu os familiares e membros da comunidade virou provação de Deus; o que foi anunciado como cura e milagre, ao não acontecer deixou de ser anunciado, nem mesmo para pedir novas preces por quem fora dado como curado.
Quando o marketing se torna caminho de vitória, de votos e de adeptos a qualquer preço, a mentira entra pela porta da frente e a coerência vai embora pela dos fundos. Poucas pessoas conseguem esta coerência. Reveja as campanhas políticas do passado e as mais recentes; reveja as pregações das igrejas antes e depois. Um é o discurso de quem quer chegar, e outro o de quem chegou.
Há os coerentes. E há os incoerentes. O pior de tudo é os abertamente incoerentes abandonam amigos, partidos, igrejas e amores sob o argumento de que tiveram que fazê-lo por questão de fidelidade a si mesma.  Só que tem que fidelidade a si mesmo sem fidelidade aos outros tem outro nome!… Gratidão é virtude que, se faltar, bagunçará qualquer discurso!
Fonte:  Padre Zezinho 

Nenhum comentário:

Postar um comentário